Juíza fala sobre feminicídio ao Correio Braziliense

A Juíza do TJDFT Rejane Jungbluth Suxberger, Titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar de São Sebastião, concedeu entrevista ao jornal Correio Braziliense desse domingo, 17/1, na qual falou sobre feminicídio, subnotificação de crimes de gênero durante a pandemia e sobre a necessidade de se pensar estratégias para combater as diferentes formas de opressão contra as mulheres.

De acordo com a reportagem, com dados da Secretaria de Segurança Pública do DF, o ano de 2020 foi marcado pela redução dos números de vítimas de feminicídios no Distrito Federal, assim como houve a redução do número de tentativas de assassinatos e de denúncias de casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres. 

No entanto, para a Juíza Rejane Jungbluth Suxberger, essa redução nos números oficiais “não significa que menos mulheres estejam sofrendo a violência dentro de casa”. Para ela, a queda nos números pode ter se dado pela subnotificação nas denúncias de violência doméstica em razão da pandemia e do convívio ininterrupto entre vítima e agressor. “Se denunciar uma violência dentro de casa já era difícil em situações de normalidade, quiçá num período em que a mulher está em isolamento, sob a vigilância 24 horas de seu agressor”, afirma.

Para a magistrada do TJDFT, “a brutalidade e o caráter sexista desses crimes exigem um avanço nas políticas públicas, e não apenas respostas penais. As políticas públicas devem se apresentar como instrumento necessário de transformação da realidade em maiores níveis de justiça e de superação das desigualdades estruturais”. “Hoje, nosso maior desafio é enfrentar uma ideologia patriarcal, que permite a eterna dominação de um sexo sobre o outro e que acaba por anuir relações desiguais que legitimam a violência doméstica”, afirma a Juíza.

Para combater a violência doméstica e familiar contra a mulher, de acordo com a magistrada, é necessário “refletir sobre as interseccionalidades a partir da problematização do fenômeno da violência doméstica”, para que se possa conhecer as condições específicas de cada grupo. É necessário também aumentar a confiabilidade da mulher vítima de violência no sistema de Justiça, “desde a entrada da ofendida na delegacia até o julgamento do recurso no Supremo Tribunal Federal”.

Durante a entrevista, a Juíza, que é mestre e doutoranda em gênero e igualdade pela Universidade Pablo de Olavide, da Espanha, falou ainda sobre a violência a que são submetidas as crianças que assistem suas mães serem agredidas e até mortas ou são utilizadas como instrumento de agressão; sobre o agravamento da violência doméstica com o uso de armas de fogo; sobre o importante papel da sociedade no combate e este tipo de violência; assim como da importância da educação como instrumento de prevenção e de quebra de estereótipos socioculturais que amplificam o fenômeno social da violência contra a mulher.

 

Fonte: ACS TJDFT

 18 1 2021

Postado em Notícias
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